A ideia de objetivar um limiar de efetividade que pudéssemos aplicar ao rastreio de contactos (no caso concreto da COVID-19) foi o mote para a elaboração de um protocolo de investigação que venceu em 2021 a Primeira Edição do Prémio Bolsa de Investigação Amélia Leitão.
O trabalho, que desse protocolo se desenvolveu, resultou dos esforços conjuntos de Médicos, que à data da entrega do prémio eram todos Internos de Saúde Pública, de estudantes do Programa Doutoral em Ciência de Dados de Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e de investigadores no Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center.
A equipa de investigação tinha na sua constituição Manuel Marques-Cruz, Diogo Nogueira-Leite, João Miguel Alves, Francisco Fernandes, José Miguel Fernandes, Miguel Ângelo Almeida, Patrícia Cunha Correia, Paula Perestrelo, Ricardo Cruz-Correia e Pedro Pita Barros.
Através de modelos epidemiológicos compartimentais e simulações, a equipa analisou a proporção de casos de COVID-19 em contactos de alto risco em isolamento profilático. Os resultados destacam a importância do trabalho dos profissionais de Saúde Pública neste contexto e de ver estabelecido um limiar de efetividade para o rastreio de contactos, permitindo antecipar a necessidade de medidas adicionais e orientar a tomada de decisão em diferentes fases da pandemia.
A nossa esperança é que um dado facilmente obtido, como é o número de casos resultantes de contactos de alto risco identificados através do rastreio de contactos, possa ser colhido de forma sistemática, sobretudo pensando agora na preparação para futuras pandemias.
Convidamos todos a ler o resultado deste esforço (http://dx.doi.org/10.2196/43836), publicado na JMIR Public Health and Surveillance (https://publichealth.jmir.org/, FI: 14.56).
Este trabalho não teria sido possível sem o esforço hercúleo e o sentido cívico da iniciativa Data Science for Social Good Portugal, que manteve os dados diários da pandemia (publicados pela Direção-Geral da Saúde) duma forma que permitiu que o nosso foco fosse a construção das simulações. Também esperamos que isso sirva de inspiração para impulsionar uma melhor qualidade dos dados, para que mais investigadores possam ter um maior foco na derivação de conhecimentos para apoiar a tomada de decisão.
Manuel Marques-Cruz
Médico Interno de Saúde Pública no ACES Douro I
Biografia:
Doutorando do Programa Doutoral em Ciência de Dados de Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Assistente Convidado do Departamento Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Investigador na Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center.