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Desafiar o Status Quo: Médicos de Saúde Pública nos Hospitais?

Atualizado: 26 de out.

Nos últimos tempos, temos observado várias discussões e propostas de reestruturação nas Unidades Locais de Saúde (ULS). Pelo que surge a questão: já apresentaram as vossas propostas aos conselhos de administração das novas ULS? E mais importante, onde ficou a saúde pública no organograma dessas novas estruturas? O que contempla o quadro das atividades e competências dos médicos de saúde pública?

Em 2021, tive a oportunidade de estagiar num dos melhores hospitais de Itália, onde fiquei fascinada com o papel central que os médicos de saúde pública desempenhavam. A experiência foi tão enriquecedora que utilizei o meu relatório de estágio como proposta de reorganização para Portugal, onde apresentei as vantagens, dificuldades de implementação e críticas ao programa de internato. Infelizmente, esta informação ficou perdida nos arquivos do internato médico, mas acredito que é crucial partilhá-la.

O meu colega Nuno do Amparo teve uma experiência semelhante em Espanha, e juntos decidimos compilar as nossas observações. Pretendemos mostrar como os médicos de saúde pública podem fazer a diferença nos hospitais, utilizando exemplos de dois países com sistemas de saúde semelhantes ao português. A nossa perspetiva resume-se no seguinte quadro:

Proposta de áreas de atuação do MSP em contexto hospitalar em Portugal

Investigação

Melhoria contínua da qualidade

Prevenção e controlo de infeção

Epidemiologia clínica

Gestão de doentes e da informação clínica

Avaliação de tecnologias de saúde

Literacia em saúde

Proposta de áreas de colaboração do MSP em contexto hospitalar em Portugal

Saúde ocupacional

Planeamento em situações de catástrofe

Formação para os profissionais de saúde

 

Esperamos romper com o status quo e criar discussão com os seguintes argumentos:

  1. Exemplos Inspiradores, Não Transferências Literais: Os exemplos que apresentamos não são para serem transferidos ipsis verbis para Portugal. Eles servem para mostrar que é possível implementar este modelo em contextos semelhantes.

  2. Adaptação do Programa de Internato: Reconhecemos que o programa de internato médico de saúde pública precisará de ser adaptado para se adequar às necessidades específicas do contexto hospitalar.

  3. Integração numa realidade pré-existente: A adaptação de um novo modelo deverá ter em conta a realidade existente bem como outras especialidades e classes profissionais que já ocupam os espaços em causa.



A nossa proposta visa não só melhorar a eficácia e eficiência dos hospitais, mas também valorizar a especialidade de saúde pública, dando-lhe o lugar de destaque que merece. A integração dos médicos de saúde pública nos hospitais pode trazer inúmeros benefícios. Assim, convidamos os decisores e gestores das novas ULS a considerarem as nossas propostas. É essencial que a saúde pública seja integrada no organograma das ULS de forma estruturada e estratégica.

Esta proposta não é um fim em si mesma, mas um ponto de partida para uma discussão mais ampla e profunda sobre o papel dos médicos de saúde pública nos hospitais portugueses. Poderão ler o artigo na íntegra na Ata Médica Portuguesa.








Regina Sá

Unidade de Saúde Pública. Unidade Local de Saúde do Algarve.

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